
Meu maior ídolo depois dos Beatles é muito mais fácil de comentar. Não são quatro pra ficar em dúvida sobre qual é melhor - o melhor Rei é o Rei. A melhor fase é do início até 1972. A melhor música é Detalhes. E o melhor disco é esse, de 1971. Que tem também a melhor capa. Sei exatamente tudo o que eu acho do Rei, ele está resolvido na minha cabeça.
O Roberto de 1971 começa com umas flautinhas na inesquecível abertura de Detalhes. Não me alongarei sobre Detalhes, simplesmente porque a letra já diz tudo o que há para saber sobre o amor:
na moldura não sou eu quem lhe sorri / mas você vê o meu sorriso mesmo assim. Gurizada,
isso é o amor. Todo o resto que vocês ouvem nas letras de emocore e Chico Buarque é poesia - tudo o que há pra se saber, toda a informação sobre que é amar está em Detalhes.
O que importa aqui, no entanto, é o conjunto do álbum. É o disco em que ele está cantando melhor. A transição entre o gurizão do rock e o baladeiro insuportável. A voz está mais empostada em músicas como Traumas (corta os pulso!), mas ainda é um cantor honesto, com menos vibrato, pegada, criatividade e aquelas minidesafinadas esgaçadas. Um humano, não um Julio Iglesias.
A produção é inacreditável. Órgãos Hammond ainda não afogados nas cordas. Baixão com groovie em
todas as músicas - porque tanto guri da minha idade ouve RC e não tem o suingue seco desse baixo e bateria eu não consigo entender. Um hino black-religioso -
Todos estão Surdos. Um hino brega -
Amada Amante. Um hino antiexílio -
Debaixo dos Caracóis dos Seus Cabelos.
E depois que ouvirem todas essas, parem e dispensem um tempo à minha preferida do mês:
Como Dois e Dois, genial música do Caetano, genial abertura com o Rei cantando sozinho e uma marimbinha o seguindo, backings muito massas de mulher com voz graande, refrão muito curto e forte. Eu tou rindo sozinho aqui.