Melhor disco de todos os tempos
Me chamem de irresponsábel (DARIN, Bobby), mas o veredito é definitivo. O melhor disco de todos os tempos é de um guitarrista obscuro que gravou um disco fenomenal no início da década de 60 com um equipamento de gravação horroroso. Algumas canções são obviamente ao vivo, outras não. Eles provavelmente estão num buteco qualquer. Não dá para entender direito.
Eu nunca tinha ouvido falar no tal de Jimmie Rivers até poucos meses, ao cruzar com o trabalho do Jim Campilongo, que é um guitarrista fenomenal, um dos poucos "modernos" que eu consigo ouvir. Campilongo cita Rivers como uma das suas principais influências e eu resolvi ir atrás para conferir.
Demorou meses até que eu achasse alguém no Soulseek que tivesse o Brisbane Bop, o solitário álbum da carreira deste sujeito maravilhoso. Eu ainda não consegui baixar todas as músicas. São 19 e eu estou na número 11 recém. Faz mais de um mês que eu estou tentando baixar. Consegui as primeiras oito num sábado chuvoso e o resto está vindo a conta gotas. Hoje baixei mais quatro, entre elas o clássico After You´ve gone, do Django. O puto do carinha que pirateou o disco nunca está online.
O conjunto é um quarteto (guitarra, lap steel, batera, baixo acústico), todas as canções são instrumentais - exceto uma, que tem uma letra genial, aliás, It´s all your fault. Como definir o clima para o grande público que nos lê neste momento? Algo como caipiras-que-ouviram-muito-jazz. E quase deixaram de ser caipiras. Algo assim. O Jimmie Rivers com certeza tinha todos os discos do Charlie Christian, o que só depõe a favor da sua inexistente biografia.
Quando eu crescer, vou fazer um show tocando todas essas músicas, tirar tudo nota por nota, lançar por uma grande gravadora e ficar rico e famoso. Aposto que só um ou dois paspalhos vão descobrir a farça.
Ei, acabo de encontrar novas informações. Jimmie Rivers e os Cherokees tocaram por seis anos seguidos num bar chamado 23 Club, em Brisbane, na Califórnia. Que tal? Já vou deixar uma data agendada no Vermelho 23, o querido buteco que a gente toca mensalmente, para o meu tributo.
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