Conjunto Musical Gilez

Os Anos Dourados foram reluzentes demais para serem esquecidos.

2.5.06

Hey, y´all!

Gosto muito da música country americana feita entre nos anos 50 e início dos anos 60. No feriado, viajei mais de mil quilômetros pelo pampa gaúcho e ouvi Patsy Cline, Johnny Cash, Hank Garland (o mestre! da foto) e Chet Atkins. Cenário e trilha em total harmonia. Tenho a tese que poucas vezes se fez uma integração tão perfeita entre o tradicional e o moderno quanto naquela época.

A irmandade entre as inovações (guitarra, o lap steel) e o conjunto tradicional da música popular rancheira é eterna e autêntica (no sentido de verdadeira, e não de inovadora). História, fundamental, clássica. Incrível como as guitarras (telecasters, telecasters, telecasters e algumas gretschs) não agridem o ouvido e não tentam se impôr ao resto do conjunto, como acabou acontecendo na evolução da música popular americana - o rock - ao longo dos anos 50.

Imagino que houve oposição dos caipirais tradicionalistas à guitarra elétrica naqueles anos. Algo inócuo, por supuesto, visto que a guitarra e o lap steel se tornaram artigos indissociáveis do universo country até hoje. Tenho uma explicação histórica para o sucesso desta associação: o meio-oeste americano - e o Interior dos EUA como um todo - viveu seus grandes dias no pós-guerra, enquanto Leo Fender criava os instrumentos mais bacanas do mundo. O meio-oeste era o celeiro do mundo. Dallas, outra cidade fundamental para a música country, era acapital da pecuária americana. Com o progresso, havia aplicação de recursos em tecnologia e cultura. Por isso, Nashville, Memphis e Dallas se transformaram nos centros culturais da América na década de 50.

Ao contrário do Brasil, onde o desenvolvimento econômico não é sinônimo de explosão cultural, a música americana se beneficiou sobremaneira dos pilas do campo. Minha tese, enfim, pessoal e intransferível, é que a guitarra elétrica (sinônimo de modernidade) casa tão bem com a música country daqueles anos porque o progresso e o campo tinham tudo a ver.

Fiquei imaginando porque a guitarra elétrica nunca foi bem utilizada na música caipira brasileira (não é a sertaneja porcaria que me refiro), que tem umas coisas bem legais, apesar da breguice e dos arranjos ruins. Cheguei a conclusão que o campo brasileiro nunca foi sinônimo de avanço. Melhor: quando o campo brasileiro foi sionônimo de prosperidade (como nos últimos 10 anos), não havia transformação cultural pronta para ocorrerta. A guitarra elétrica era notícia antiga na última década, não faz mais tanto sentido essa integração. Agora, ocasamento "moderno" seria entre música eletrônica e Tonico e Tinoco. Talvez seja um pulo muito grande. Talvez seja uma boa idéia para minha carreira solo.

Ei, foram mil quilômetros, tive tempo para pensar em muita bobagem.
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